Na administração no tempo atual muito foram os esforços desprendidos por estudiosos e empreendedores, e ainda são, sobre o assunto, para encontrar maneiras eficazes motivacionais dentro dos estabelecimentos de trabalho para o melhor desempenho dos funcionários quanto à produção, em qualquer setor.
A otimização do recurso humano.
Foi na área privada que o interesse e visão diferente desse tipo de gestão começaram e se estendeu tornando-se possível em todos os setores empresariais.
Tratar bem o funcionário para que possa se sentir psicologicamente bem e como conseqüência tornar-se mais produtivo nas empresas é um pensamento fundamental que dia-dia vira realidade. É uma filosofia inteligente baseada no pressuposto de que “qualquer pessoa pode executar uma ordem, tarefa ou assumir função”, mas executar bem uma ordem, tarefa ou função só pode ser feito por alguém que estar contente com o trabalho, com sua empresa ou instituição e com seu chefe ou superior hierárquico dentro do ambiente produtivo.
Motivação é a palavra chave.
É uma questão lógica: o funcionário precisa ser bem tratado pelo seu empregador para desempenhar bem sua função. Estar provado através de experiências que as empresas podem extrair o máximo de aproveitamento do profissional se seguir esse princípio.
Mas comparando essa filosofia com o pensamento que ainda existe dentro da maioria das instituições policiais militares parece até coisa de outro mundo.
O aumento da criminalidade nos últimos tempos tem levado os gestores públicos tentarem buscar saída para uma melhor eficácia no emprego das forças policiais militares. Muito já foi feito, no que diz respeito a mecanismo legislativo para corrigir e direcionar esse objetivo, mas sem resultado. Percebe-se que não conseguem identificar o problema em meio à guerra de interesses e falta de bom senso. Menosprezam o principal que é o recurso humano.
A vida militar é uma convivência fechada. Quem não é ou nunca foi militar não consegue entender com precisão certos comportamentos, próprio da vida militar legitimado pela própria cultura fatídica da caserna.
Um desses comportamentos dentro da vida policial militar, de muitas polícias militares ainda hoje, que na vida civil em qualquer sentido é um absurdo, e mesmo num regime militar puro; coisa que muitos comandantes disfarçam e negam a existência; é o costume da imposição a força, como regra geral, sem observações, nos procedimentos operacionais e administrativos no contexto do próprio regime militar, para com os policiais militares, sem dar importância os direitos básicos do homem como falta de carga horária de trabalho definida, falta de respeito ao tempo em que o homem pode ficar ininterruptamente em pé, escala extra para serviço privado sem o direito a remuneração, quebra da folga para cumprir escala extra determinado unicamente pela vontade do comandante se valendo da necessidade do serviço injustificável, etc.
Esses procedimentos autoritários dentro de muitas polícias militares no Brasil, principalmente na Polícia Militar do Piauí, nos dias atuais, em que toda a sociedade respira liberdade, funcionam como um veneno para a própria instituição policial militar disseminando baixa estima e falta de estimulo nos servidores policiais militares praças que gostariam de dar mais de si, mas ainda se vêem no meio de uma cultura militar que não valoriza o valor individual do homem e prima mais pelas determinações dadas, a qualquer preço, em vez da colaboração com o subordinado e observância das condições para executá-lo.
Já foi o tempo em que o funcionário, muitas vezes, era submetido a executarem, sem observações, a força, um trabalho, muitas vezes até estranho a sua função e ferindo os seus direitos humanos, e na sua ignorância executá-lo fielmente, porque não tinham discernimento dos seus direitos. Já foi o tempo em outros lugares, porque, infelizmente todo esse abuso ainda acontece dentro da Policia Militar do Piauí, mas sem levar em consideração que o homem é um ser inteligente que em determinadas situações, quando pouco ou nada pode fazer de imediato, para abrandar a realidade que vive, pode usar de artifícios astuciosos para assim se esquivar do rigor da situação a qual passa.
Todo homem ferido nos seus direitos e sem alternativa para ter justiça estar propício usar subterfúgio, legítimo ou não, é uma questão de sobrevivência diante da falta de justiça.
Resultado: homens desmotivados nas ruas, mais preocupados com o horário de término do serviço do que com o serviço propriamente dito; omissão nas ocorrências por achar que não vale à pena se sacrificar tanto, pelo descaso da falta de tratamento humano que recebe por parte do Estado; falta de atenção quando deveria estar atento no serviço. Sem falar na falta de iniciativa que deve ser uma das qualidades básicas do policial.
Isso são ingredientes fundamentais para tornar o praça alienado profissionalmente.
Fato: Muitas vezes os comandantes conseguem reunir até grandes efetivos nas ruas, para determinadas operações, mas não imaginam que não passam de um bando de homens fardados desprovidos de motivação para desempenhar um bom trabalho, como deveria ser.
Não há quem resista psicologicamente ser maltratado e ainda responder com gratidão.
Conseqüência: não é bom para ninguém, pois em primeiro lugar prejudica o homem profissionalmente, a imagem da instituição policial militar e a sociedade que não tem qualidade no serviço prestado pela polícia. Tudo isso acontece porque o Estado insiste numa polícia que usa o regime militar para os seus servidores, para prestar serviço a uma sociedade democrática. E ainda por cima usa a condição do militar não poder se manifestar publicamente sem autorização para usar de má fé negando seus direitos humanos básicos, como se os policiais militares praças fossem cegos, surdos e mudos; como se não vissem todo o universo social, em transformação, em volta, que não é apenas quartel.
Já imaginou a diferença de uma tropa motivada para uma não motivada dentro de uma situação operacional?
O homem de hoje não se deixa mais levar por determinações absurdas, mesmo que elas ainda existam. Mas os policiais militares praças estão presos no sistema e sujeitos a punições pesadíssimas se saírem da linha prevista pelo Código Penal militar ou os regulamentos disciplinares absurdos. Muitos, com muitos anos de serviço prestado e sabem que seria difícil recomeçar em outra profissão, por causa da idade, mesmo porque estão habituados no que fazem e poucos fazem o que sabem fazer. Só passaram pelo tempo e a instituição que pertencem não acompanhou as mudanças sociais para com o seu público interno. As promessas de melhorias são grandes, mas não chegam. Esses profissionais preferem continuar aguardando que essas melhorias prometidas cheguem um dia. Enquanto isso não acontece se viram como podem.
O homem mais manso sem alternativa pode tornar-se o mais perigoso, pois as atitudes são determinadas pela realidade que cada um enfrenta.
Como a segurança pública pode ser feita nessas condições?
Nesse sentido o regime militar, contaminado por interesses estranhos, dentro do sistema de segurança pública norteando comportamentos e decisões internas na polícia encarregada do policiamento ostensivo, prejudica a eficácia de qualquer plano de policiamento mais amplo, por melhor que seja, pois o seu melhor recurso, que é o homem, estar travado nas suas potencialidades profissionais devido o tratamento institucional inadequado a que lhe é dispensado.
O regime militar dentro das polícias atuais, contaminado por interesses políticos e pessoais, é uma pedra no meio do caminho para o sucesso na segurança pública da atualidade. “AVANTEBRASIL”.
“FÉ E LUTA”