DEBATES DE PRAÇAS

Esse espaço é dedicado a todos que lutam no dia-dia para manter com o sacrifícil da própria vida essa nação, mesmo não reconhecidos pelos esforços concedidos e da marcha em busca dos direitos que lhes são negados.

Parnaíba PI

21.5.09

DISPUTA DE PODER

Além do confronto direto polícia contra o crime instigado pelo aumento crescente da violência, há também o confronto com o objetivo da conquista da confiança pública por parte dos criminosos. Isso revela, na segurança pública, uma situação atual aterradora: a disputa pelas organizações criminosas do controle social dos locais onde se originam.

Certa vez, há não muito tempo, um especialista de segurança pública declarou na imprensa, de acordo com suas observações, que as organizações do tráfico de drogas no Brasil, não almejam poder, e que seus objetivos são puramente financeiros.

Ora senhores; é sabido que o homem é um ser racional em movimentos constantes de interesses, sempre em busca do além do que tem. Quando o homem conquista o que possui passa buscar outros horizontes. Isso é natural do ser humano e funciona em todos os sentidos da vida. O criminoso não é diferente.

As organizações criminosas que já consolidaram certo nível financeiro vêem o poder como algo possível, uma possibilidade de acesso tentador.

No Brasil algumas quadrilhas criminosas organizadas, que normalmente se encontram nas periferias das grandes cidades, já chegaram a esse estágio de existência. Agora além do lucro com o crime, lutam para terem poder político dentro das comunidades carentes.

A estratégia usada é a aparente solidariedade dos criminosos concedendo benefícios sociais, como cestas básicas, quitação de água e energia e até condução de pessoas doentes para hospitais, dentro da lacuna vazia deixada pelo Estado. Os perfis desses criminosos se caracterizam por serem indivíduos informados, uma possível mutação das lideranças do crime; diferente dos criminosos que a polícia se acostumou lidar.

O resultado dessa política de autoproteção e enfrentamento ousado do criminoso para com o Estado, além das armas, usando o cidadão ignorante como massa de manobra é o reconhecimento destes criminosos como pessoas de bem pelas pessoas de pouco discernimento que tendem para o poder de quem estar mais próximo. É interessante observar que o mesmo traficante dentro da sua comunidade é visto diferentemente quando nos bairros distantes. Enquanto fora das comunidades em que atua são tidos como homens perigosíssimos, na sua comunidade, a maioria das vezes é apenas o filho da dona Francisca, o filho do seu Raimundo, o sobrinho da fulana de tal.

A falada aproximação da Polícia Militar e sociedade é uma tímida reação do Estado no que diz respeito essa questão. Mas esbarra num problema da própria Polícia Militar.

A Polícia Militar, principalmente dos Estados menores economicamente tem mais dificuldades na implantação desse plano pela própria cultura militarista ainda muito forte. Em geral é sabido que é assim em todos os Estados, mais ou menos em nível de gravidade.

A aproximação da Polícia Militar e a sociedade no Brasil é uma questão que estar além da simples vontade política apesar da vontade política ser a solução desse problema que é cultural. Sabe-se que a Polícia Militar exerce duas funções: militar e policial em que a função militar, por razões históricas, sobrepõe-se a policial que é função civil causando uma sensação de distancia entre militar e sociedade civil, mesmo convivendo no mesmo ambiente. Portanto a sonhada aproximação Polícia Militar e sociedade não é física, essa aproximação já existe há muito tempo. Alguns comandantes, atualmente até insistem fazer paradas militares no centro das cidades com propósito de promover a aproximação de Polícia Militar e sociedade civil. Não percebe que a aproximação Polícia Militar e sociedade é a aproximação de sentimentos comuns, que ainda não existem. E para isso acontecer são necessários policiais militares e sociedade compartilharem a mesma situação de convívio social, sob o mesmo ponto de vista, o que o militarismo impede, pois torna o policial militarizado um ser estranho no seio da comunidade, não por se comportar diferente, mas porque o próprio militarismo em si é uma doutrina diferente e torna os seus membros também diferentes, tanto fisicamente como na mentalidade, devido os diferentes universos que fazem parte, militar e civil, dentro do mesmo espaço social.

Não há como haver uma aproximação mais próxima, polícia militar e sociedade no plano do sentimento comum, nessa situação, pois os modos de vida são completamente diferentes. Isso impede o entrosamento compartilhado fidedigno militar e civil.

É a igualdade de sentimento diante de um mesmo universo de convívio social sintonizados, com tratamentos iguais entre os membros dos diferentes grupos, que provoca a sensação de igualdade entre as pessoas dos diferentes grupos sociais.

Brasil de hoje, de acordo com o contexto histórico do passado, se distanciou com grande transformação para o futuro que é o presente, no entanto conserva resquícios prejudiciais despercebidos no tecido social, no que diz respeito a segurança pública, importante para o funcionamento correto das instituições no todo e o bom desempenho democrático. É nesse sentido que o modelo da principal policia do país tem se tornado um obstáculo na segurança pública. O fato do militarismo da Polícia Militar ser mais forte do que a função policial deixa o homem mais militarizado do que cidadão de fato.

Há de observar que nos paises onde o policiamento comunitário deu certo a função policial prevalece sobre a militar, o que cria uma sensação de igualdade entre o cidadão civil comum e o policial, efeito contrário quando o militarismo prevalece.

A falta de estudos mais apurado na área de segurança pública, no Brasil, nesse sentido, para detectar e orientar as medidas tomadas de acordo com esses detalhes impede de dar certo as políticas públicas da área da segurança.

Enquanto isso em muitas localidades do Brasil afora, o crime toma conta e os criminosos já não se contentam com o poder financeiro que conquistaram, agora almejam poder político dentro das comunidades. “AVANTEBRASIL”.



“FÉ E LUTA”

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